Timor
Localização
Timor-Leste fica situado na parte oriental da ilha
de Timor mais o enclave de Oécussi que fica na parte ocidental pertencente à Indonésia.
Possui ainda a ilha de Ataúro, que faz parte integrante do distrito de Díli, e o
ilhéu de Jaco no extremo leste.
Em termos geográficos, situa-se na Ásia próximo do
território australiano, da Indonésia e da Papua-Nova Guiné. Está rodeada, a
norte pelo Mar das Flores e a sul pelo Mar de Timor.
Está dividido em 13 distritos, que se subdividem em
65 sub-distritos e estes em 442 sucos
Línguas
Antes da chegada dos portugueses já teria sido
estabelecido o tétum-térik devido à necessidade de um instrumento de
comunicação. Com a sua presença, foram introduzidos novos vocábulos portugueses
e malaios dando origem a um “novo tétum” – o tétum praça. Embora haja uma
grande diversidade de dialectos (mais de 16), o tétum é o mais falado pela
população.
O Tétum e o Português são as únicas línguas
oficiais enquanto as línguas de trabalho são o inglês e o malaio (Bahasa).
Religiões
Cerca de 97% da população é católica sendo que os
restantes 3% pertencem aos protestantes/evangélicos, muçulmanos, budistas,
hindus, animistas, etc.
Lenda
Diz a lenda que Timor ter-se-ia formado a partir do
corpo de um crocodilo (lafahek) que depois de ser ajudado por um menino,
resolveu comê-lo quando tinha fome. Instado pelos seus amigos a poupar quem lhe
tinha salvo a vida, resolveu ir passear pelo mar com o menino às costas. Quando
parou para descansar, transformou-se em pedra e em terra e cresceu tanto que
ficou do tamanho da ilha em forma de crocodilo.
Símbolos
nacionais
Os símbolos e as cores da bandeira nacional estão relacionados com a sua História.
Amarelo- rastos do colonialismo
Preto-obscurantismo que é necessário vencer
Vermelho – luta pela libertação
Branco – paz
Geologia
A ilha de Timor surge na zona de subducção entre a
placa australiana e a euro asiática muito próxima. As rochas mais antigas têm
mais de 286 milhões de anos formadas por micaxistos, gnaisses, anfibolitos e
filitos. Outras formações rochosas mais recentes são constituídas por
calcários, xistos argilosos e grés quartzíticos. Timor é consequência de
grandes acidentes tectónicos que deram origem a dobras, falhas e carreamentos.
A ilha de Ataúro, de origem vulcânica, possui basaltos, andesitos, riólitos e
tufos cobertos por rochas calcárias coralíferas.
Devido à sua situação geográfica, Timor é uma ilha
sujeita a desastres naturais. Estes devem-se não só à proximidade de zonas de
vulcanismo ativo, que provocam sismos, tsunamis, escorregamentos, mas também
está sujeita a inundações provocadas por chuvas torrenciais com grande força
destruidora. Para além disso, a população não tem meios para fazer face a esses
acidentes o que agrava as suas condições de vida pela destruição de pessoas e
bens incluindo a área agrícola.
Relevo
O centro do país é muito montanhoso e vai
suavizando à medida que nos afastamos para Leste.
A maior elevação é o Monte Ramelau com 2 960 metros
de altitude, seguido do Monte Matebian (Matabia) de 2 370m, Cablaque com 2 340m, Merique com 2
100 me Loelaco com cerca de 2 000m,
monte que avisto todos os dias, quase sempre coberto por espessas nuvens. Esta
zona montanhosa divide o país ao meio com características diferentes em termos
de orografia. Tanto se podem verificar declives muito acentuados da ordem dos
80%, originados pela grande erosão hídrica consequência da forte precipitação,
como declives suaves, com maiores linhas de água e grandes planícies aluviais.
Hidrografia
Devido ao tipo de relevo e de solo, à intensidade
das chuvas tropicais, que provocam grandes inundações e deslizamentos das
vertentes montanhosas e à pequena dimensão de Timor-Leste, o nível de erosão é
muito elevado.
A rede hidrográfica é constituída por ribeiras,
algumas das quais com um caudal tão reduzido que desaparecem durante a época
seca. O curso de água com maior bacia hidrográfica, com uma extensão de 80km, é
a ribeira de Lacló que nasce em Aileu e desagua em Manatuto.
Existem ainda algumas zonas de águas quentes
sulfurosas (be manas), antigamente
utilizadas para fins terapêuticos, como por exemplo, as termas de Marobo,
distrito de Bobonaro.
Clima
De uma maneira geral, possui um clima tropical
caracterizado por duas estações: a estação das chuvas, de outubro a março influenciado
pela monção asiática e nos restantes meses pela monção australiana. A estação
das chuvas caracteriza-se pelo elevado nível de pluviosidade, variável de
região para região, temperatura e humidade altas e uma amplitude térmica
bastante baixa na ordem dos 2 a 4 graus.
Na estação seca, o tempo é mais fresco e seco com
ventos fortes provenientes do território australiano.
Em termos de grandes espaços naturais, Timor está
dividido em 4 zonas:
-
Costa sul –
de clima quente e húmido, com
duas estações de chuva possibilitando 2 colheitas por ano em terrenos muito
férteis para a produção de cereais.
-
Extremo leste – de clima quente e muito húmido.
É a zona mais húmida do país com 2 estações de chuva.
-
Interior montanhoso – com alturas superiores a
1000m é a zona mais fria de Timor e apresenta uma precipitação muito elevada.
Os terrenos são propícios à produção de café.
-
Costa norte – de clima quente e seco, com uma
estação de chuva e uma estação seca. Os solos são pouco férteis exceto nas
zonas próximas dos cursos de água.
Recursos
naturais
Os solos do território escondem recursos minerais,
em quantidade variável, de ouro, cobre, manganês e carvão, mas também xistos,
mármores e calcários e petróleo em grande quantidade no Mar de Timor (uma das
20 maiores jazidas de petróleo do mundo).
Divisão
administrativa do país
Administrativamente, Timor está dividido em 13
distritos: Aileu, Ainaro, Baucau, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Lautem,
Liquiça, Manatuto, Manufahi, Oecusse, Viqueque. Estes distritos dividem-se, por
sua vez, em subdistritos num total de 65 e estes ainda em 442 sucos (menor
divisão administrativa).
População
Segundo o Census de 2010, Timor-Leste tinha
1 066 409 pessoas. No séc. XX, houve sempre uma tendência crescente da
população timorense à exceção dos períodos relacionados com a invasão nipónica
durante a II Guerra Mundial, com a invasão indonésia e com os problemas que se
seguiram ao referendo de 1999.
Em média, a densidade populacional é de cerca de 79
h/km. De uma forma geral, as regiões com maior densidade são as principais
cidades, com destaque para Díli, e as zonas montanhosas e de menor densidade
são as áreas mais planas e de menor altitude. Os distritos mais próximos da fronteira,
Bobonaro e Covalima, são aqueles que sofreram maior decréscimo de população.
Nos anos imediatamente anteriores ao referendo,
Díli perdeu mais de 10 000 habitantes e durante os conflitos de 1999
abandonaram a capital cerca de 80 000 pessoas. Contudo, com a
administração das Nações Unidas, a população subiu para 165 mil habitantes,
devido à segurança social e económica que a cidade representava. Com a
estabilidade do país, a população começou, novamente, a abandonar a capital e a
regressar às suas terras.
Os movimentos migratórios recentes vividos em Timor
deveram-se, sobretudo, aos acontecimentos relacionados com a independência e a
invasão indonésia em 1975. Muitas pessoas emigraram para Portugal e para a
Austrália e, durante a ocupação indonésia, os jovens eram estimulados a
deslocarem-se para outras regiões da Indonésia no sentido de continuarem os seus
estudos. Por outro lado, eram criados colonatos agrícolas com a vinda de muitos
indonésios principalmente para as zonas da costa sul e da foz da ribeira de
Loes, aliviando, desta forma, a elevada densidade populacional das ilhas de
Java e de Bali. O referendo de 1999, que deu origem a violentos conflitos,
obrigou a população a refugiar-se nas montanhas ou a deslocar-se para a parte
ocidental da ilha de Timor em busca de segurança. Com a estabilização do país,
um grande número de pessoas regressou mas nem sempre para as suas zonas de
origem.
É um país jovem e com muita população jovem também.
A esperança média de vida, em 2000, rondava os 47 anos de idade.
Faixa etária
|
0-14 anos
|
15-64 anos
|
+ 65 anos
|
% de pessoas
|
41,4%
|
53,9%
|
4,7%
|
Dados do Censos de 2010
Os aspectos climáticos, a morfologia do terreno, a
riqueza do solo, as formas tradicionais de agregação ou de ordem histórica são
responsáveis pela distribuição desigual da população.
A aglomeração da população, na época colonial,
verificava-se em torno dos campos de cultivo permitindo a dispersão da
população por todo o território. Havia limites bem definidos e a mesma
comunidade estruturava-se à volta da “Casa Sagrada” e “Árvore da vida”. A
invasão indonésia provocou o desmembramento forçado das comunidades
desenraizando as pessoas da sua ligação à terra e, consequentemente, das
estruturas tradicionais.
Tanto se podem encontrar povoamentos junto às vias
de comunicação como junto de cursos de água, dispersos ou concentrados.
A
habitação
A habitação tradicional é diferente de região para
região mas mantem traços comuns. É sustentada por pilares afastados do solo
para se protegerem das inundações e dos ataques dos animais. Utilizam-se
materiais de origem vegetal tal como a madeira, o colmo ou o bambu. Devido às
características do clima, estas construções são feitas durante a época seca.
Muitas das habitações não tradicionais usam o tijolo ou bloco de cimento e
telhado de zinco.
Espaço
urbano
Díli é a capital e é a cidade mais densamente
povoada. É a que tem mais infra-estruturas
(aeroporto, hospitais, escolas) e serviços e a que pode proporcionar
maior oferta de emprego. É onde se localizam algumas representações de empresas
e de organismos internacionais. Segue-se Baucau e Maliana.
Condições
de habitabilidade
Os conflitos que se seguiram ao referendo de 1999,
destruíram enormemente o país, nomeadamente a rede de telecomunicações
existente. Após esse período, apenas existia uma rede de comunicações
militares. Atualmente, existem várias empresas de telecomunicações que prestam
um serviço ainda com bastantes falhas. A rede eléctrica também ficou seriamente
destruída - 10% das linhas de média tensão ficou danificada assim como a terça
parte das ligações da rede às aldeias.
O abastecimento de água e saneamento básico ainda é
muito precário. As pessoas utilizam a água da rede pública de distribuição, sem
qualquer tratamento ou recorrem a poços, muitas vezes próximos de cemitérios ou
de fossas. Em alguns locais da montanha, a água é recolhida e armazenada em
depósitos individuais feitos de zinco ou de barro. As águas residuais são
despejadas directamente em valas abertas que as transportam para os cursos de
água ou são usadas fossas sépticas. Os resíduos sólidos urbanos são queimados,
com todas as consequências que isso acarreta, e não há qualquer tipo de
deposição selectiva e muito menos de reciclagem.
Atividades
económicas
Segundo dados de 1999, a população de Timor está
distribuída da seguinte forma pelos diversos sectores de actividade:
-sector primário (84%)
-sector secundário (3%)
-sector terciário (13%)
Após o referendo de 1999, a maior parte das
estruturas do comércio, da indústria e dos serviços foi desactivada, obrigando
a população a (sobre)viver da agricultura. Mais de metade dos produtos
cultivados é para consumo próprio, à excepção do café (dados de 2001) sendo
que, no caso do arroz, do milho e da mandioca, a percentagem chega aos 80%. Em
regiões com maior incidência das chuvas é possível a colheita de 3 ciclos de
arroz.
Em 1970, o consumo de carne era extremamente baixo
– 5kg/ano por habitante. Com a invasão da indonésia, esse valor baixou para os
2,5kg/ano. Com o incremento da pesca, o regime alimentar dos timorenses
melhorou substancialmente. A criação de gado sofreu um grande decréscimo a que
se juntou um surto de doenças em 2000. Não há em Timor tradição de
aproveitamento do leite para o fabrico de lacticínios, o que faz encarecer
estes produtos que têm de ser importados.
A floresta de Timor tem características da Ásia e
da Oceânia. Abundam várias espécies de eucaliptos, de acordo com a altitude, o
gondão (Ficus indica), o tamarindo,
pouco sândalo devido à exploração desenfreada tanto por parte dos portugueses como dos chineses,
malaios e indonésios. Acresce ainda o facto de terem sido provocados incêndios
para facilitar a rendição da população, que eliminou parte do coberto vegetal
trazendo graves consequências para a capacidade de retenção da água no solo,
facilitando as escorrências, as inundações e a erosão. De uma maneira geral,
predomina o mato, a savana e a floresta secundária nas encostas sob a qual se
cultiva o café e as hortas. A floresta primária, natural e mais densa, existe
nas zonas mais altas e com menor intervenção humana, associada a climas frescos
e húmidos. Nas zonas de águas calmas do norte do território, existem áreas de
mangais que possuem as raízes e os troncos submersos em água do mar. Em certas
zonas do país, é importante a exploração de madeira de teca, para uso na
marcenaria. Os coqueiros desempenham um papel importante na construção de
habitações.
Embora haja uma grande variedade de espécies
piscícolas, a pesca tem um peso muito reduzido na actividade da população. Com
a invasão da Indonésia, houve um incremento da pesca mas os métodos e
equipamentos utilizados eram muito básicos. Abundam moluscos, peixes, répteis,
crustáceos e mamíferos. O consumo de peixe não tem tradição em Timor,
principalmente no interior, pelo que se consome peixe seco. Os pescadores usams
beiros, pequenas embarcações escavadas em troncos equilibradas por flutuadores
e pescam com a ajuda de rede, anzóis, arpões e camaroeiros. A falta de
exploração do mar contribui para a manutenção dos ecossistemas marinhos
Tem muito pouca expressão a actividade industrial
do país. O fabrico manual de tais, panos artesanais, transformação de madeiras
em carpintarias, extracção de sal por processos muito artesanais, etc. Há falta
de profissionais qualificados e de uma rede viária e de transporte capaz. As
leis existentes limitam o investimento estrangeiro.
Em relação ao turismo, há algumas boas unidades
hoteleiras na capital mas de pouquíssima qualidade no resto do país. É um país
com potencial para o turismo privilegiando o mar, a montanha e as águas
termais. Contudo, é necessário criar infra-estruturas que suportem a vinda de
turistas a Timor.
No séc XVII e seguinte, a igreja assegurava o
acesso da população ao ensino. Só a partir de 1915, Portugal se começou a
preocupar com este problema. Com a ocupação indonésia surgiram alguns
equipamentos escolares. Os conflitos após o referendo, deixaram o país com
muitos estabelecimentos de ensino destruídos, restaurados posteriormente com o
apoio dos organismos internacionais. Atualmente, existem muitos
estabelecimentos escolares, onde é ministrado um ensino com pouca qualidade e em
que o rácio professor 7 aluno é muito elevado (em 2000-2001, o rácio era de 47
alunos por professor), com poucos recursos materiais. Embora o português e o
tétum sejam as duas línguas oficiais, cada professor dá as suas aulas na língua
que domina, embora os testes tenham de ser feitos em português.
É apenas em 1918 que Portugal resolve criar
serviços de saúde mas só na década de 60 houve um maior investimento nesta
área. A invasão indonésia não trouxe melhorias significativas. Os hospitais
públicos existentes não têm as condições de salubridade mínimas. A falta de
profissionais qualificados é suprida com o recurso a apoios de outros países,
nomeadamente Cuba. Em 2001, existiam 211 unidades de saúde, tanto públicas como
privadas.
As vias de comunicação nunca foram muito
desenvolvidas limitando o parque automóvel existente. Durante a ocupação
indonésia, as estradas foram asfaltadas e o número de veículos aumentou
consideravelmente. Atualmente, as estradas estão em muito mau estado, sendo que
algumas delas se encontram em obras, obrigando a deslocações demoradas e muito
difíceis. É possível a deslocação de pessoas e bens em biskotas (autocarros
entre Dili e as restantes cidades, mikroletes (autocarros mais pequenos que
circulam dentro da cidade) e angunas (camiões que tanto transportam pessoas
como mercadorias). Dado o mau estado de conservação das estradas, a velocidade
média é muito baixa. O táxi é um meio de transporte muito utilizado em Díli.
O
comércio internacional
É um país muito dependente do exterior com uma
balança comercial muito deficitária. No séc. XIX, Timor exportava produtos
alimentares para a Austrália. Hoje em dia, as actividades económicas estão
pouco desenvolvidas, os níveis de produtividade são baixos e mesmo na
agricultura não são auto-suficientes. Vários factores justificam a baixa
produtividade na agricultura: condições climáticas que favorecem a erosão dos
solos, exploração intensiva, má gestão dos recursos, queimadas, etc. A
instabilidade vivida nos últimos anos provocaram também situações complexas de
registo de propriedade dos bens.
Informação baseada no livro “Atlas de Timor Leste”
da Faculdade de
Arquitetura
Universidade
Técnica de Lisboa