A morte de qualquer
pessoa acarreta muitas despesas uma vez que é necessário alimentar todas as
pessoas que assistem ao velório, ao funeral e a todas as cerimónias que se
seguirão. Para isso, precisam de matar búfalos, vacas ou porcos. Caso não haja
muitas possibilidades, a família e os “convidados” colaboram também.
Em Maliana, um velório
pode demorar dois a três dias. Entretanto, entregam-se os agradecimentos às
pessoas presentes e convidam-nas para assistirem às cerimónias do 7º dia em que
vão ao cemitério depositar flores.
Ao
40º dia, volta-se a ir ao cemitério e, ao fim de um ano, faz-se o desluto com
uma festa onde se come, bebe e dança. Por morte de familiares mais próximos
(pais, avós, tios ou irmãos, por ex., a mulher irá usar durante 3 meses uma
fita que colocará no pulso ou durante 6 meses um lenço na cabeça ou roupa preta
durante um ano. Estas peças terão de ser queimadas no cemitério.
Em
Baucau, o velório pode durar entre 24 a 72h mas, em alguns locais mais remotos, o
falecido pode estar em casa até duas a três semanas até chegarem os familiares
que estão mais distantes. São usadas plantas para evitar os maus cheiros
entretanto provocados.
A
mulher coloca na cabeça um pequeno lenço preto que usa durante um ano. Os
filhos e o cônjuge colocam uma fita de tecido preto no pescoço e nos pulsos.
Ao
fim da primeira semana (ai funan moruk),
as pessoas vão ao cemitério e colocam flores e velas na campa do morto e quem
tem as fitas pretas, retiram um fio da fita do pulso esquerdo e colocam-na em
cima da campa.
Ao
fim da segunda semana (ai funan midar),
levam novamente flores ao cemitério e colocam velas também nas campas dos
familiares e conhecidos já falecidos. Retiram a fita do pulso direito e
colocam-na na campa.
Ao
fim da terceira semana, (ai funan
fahemalu) levam mais flores e velas para distribuir por outras campas.
Retiram a fita do pulso esquerdo.
Três
meses depois, a família leva mais flores e velas e reza. Nesta altura, a
restante família que usava a fita preta ao pescoço, retira-a.
Seis
meses depois, a família acompanhada dos vizinhos vai novamente ao cemitério
levar flores, velas e rezar.
Um
ano depois, faz-se o korremetan, ou
seja, o desluto
onde se faz uma grande festa, se come e se dança.
Se
entretanto, morrer outra pessoa da família, interrompe-se o luto da anterior
colocando as fitas pretas num oratório que todas as pessoas têm em casa.
Ter
filhos, casar e morrer são acontecimentos que suportam ainda um conjunto de
tradições com bastante peso na vida dos timorenses.
Parece que os funerais são autênticas festas por aí... É tão interessante ver como há povos que mantêm tradições tão diferentes das que estamos habituados !
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