segunda-feira, 9 de setembro de 2013


 
O funeral

A morte de qualquer pessoa acarreta muitas despesas uma vez que é necessário alimentar todas as pessoas que assistem ao velório, ao funeral e a todas as cerimónias que se seguirão. Para isso, precisam de matar búfalos, vacas ou porcos. Caso não haja muitas possibilidades, a família e os “convidados” colaboram também.

Em Maliana, um velório pode demorar dois a três dias. Entretanto, entregam-se os agradecimentos às pessoas presentes e convidam-nas para assistirem às cerimónias do 7º dia em que vão ao cemitério depositar flores.

Ao 40º dia, volta-se a ir ao cemitério e, ao fim de um ano, faz-se o desluto com uma festa onde se come, bebe e dança. Por morte de familiares mais próximos (pais, avós, tios ou irmãos, por ex., a mulher irá usar durante 3 meses uma fita que colocará no pulso ou durante 6 meses um lenço na cabeça ou roupa preta durante um ano. Estas peças terão de ser queimadas no cemitério.

Em Baucau, o velório pode durar entre 24 a 72h mas, em alguns locais mais remotos, o falecido pode estar em casa até duas a três semanas até chegarem os familiares que estão mais distantes. São usadas plantas para evitar os maus cheiros entretanto provocados.

A mulher coloca na cabeça um pequeno lenço preto que usa durante um ano. Os filhos e o cônjuge colocam uma fita de tecido preto no pescoço e nos pulsos.

Ao fim da primeira semana (ai funan moruk), as pessoas vão ao cemitério e colocam flores e velas na campa do morto e quem tem as fitas pretas, retiram um fio da fita do pulso esquerdo e colocam-na em cima da campa.

Ao fim da segunda semana (ai funan midar), levam novamente flores ao cemitério e colocam velas também nas campas dos familiares e conhecidos já falecidos. Retiram a fita do pulso direito e colocam-na na campa.

Ao fim da terceira semana, (ai funan fahemalu) levam mais flores e velas para distribuir por outras campas. Retiram a fita do pulso esquerdo.

Três meses depois, a família leva mais flores e velas e reza. Nesta altura, a restante família que usava a fita preta ao pescoço, retira-a.

Seis meses depois, a família acompanhada dos vizinhos vai novamente ao cemitério levar flores, velas e rezar.

Um ano depois, faz-se o korremetan, ou seja, o desluto onde se faz uma grande festa, se come e se dança.

Se entretanto, morrer outra pessoa da família, interrompe-se o luto da anterior colocando as fitas pretas num oratório que todas as pessoas têm em casa.

Ter filhos, casar e morrer são acontecimentos que suportam ainda um conjunto de tradições com bastante peso na vida dos timorenses.

1 comentário:

  1. Parece que os funerais são autênticas festas por aí... É tão interessante ver como há povos que mantêm tradições tão diferentes das que estamos habituados !

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